universo no multiverso,
E se numa dessas jornadas
de versos ao infinito
das caraminholas que eu
empreendo sempre, eu
caísse nesse outro
me afundaria no Nada
ou não? Ou eu
adoeceria o Nada
de (eu) existir?
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João Colagem |
Do ebook Pretextos marginaus de 2004
Passar as tardes longe
vendo o vidro
mostrar-me o lento
fluxo de tempo
e a chuva chegando.
Esquecer todos os mandachuvas
volver-me todo – e só sei se entregar-me
se tragar-me até o último pulso –
ao luxo de um frêmito de vácuo.
Caos e acaso, miríades, ninguéns
acolhei estas ondas quase domadas
quase concêntricas em si (mim)
lançai-as ao descompasso anexato
do fluxo desta chuva.
Não reconhecer-se
esquecer todos os abismos
apagar as cismas
soltá-las, prisma
cacos, nacos
de lembranças refugadas.
Num cisma
nego-me e pego apenas
penas flutuantes
amantes de uma lua
de rua.
Chuva
jamais me houve.
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Vênus de Milo com gavetas - Salvador Dalí |
(quase)
ninguém lerá
teu verso torto
tantos desejos
tontos ah!
vida perdida
em letras suicidas
E enquanto rinham, cai a casa
Na cabeça de todo mundo.
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Sem título - Zdzislaw Beksinski |
Quando eu era menino, adorava brincar de carrinho. Então, construía estradas, pontes, estacionamentos, postos, calçadas e ruas, tudo muito...