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Mostrando postagens de janeiro, 2021

A poesia bonitinha

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Não tenho mais paciência para poemas bonitinhos em eruditas belas-letras de/pra gente culta e elegante. Parece que todo os bons poemas belos e singelos já foram feitos por Quintana Vinícius, Bandeira e Drummond.   Prefiro a música brega dos cantores da sofrência, que sabem, como seus fãs, que suas canções descartáveis são só entretenimento, mercadoria de ficar rico famoso, chique e bonito. Prefiro os poetas malditos (se é que ainda existem) e seus poemas-gritos cheios de arestas e espinhos, que sabem, como a meia dúzia de gatos pingados que os leem (se há quem ainda os leia), beber d'aguardente do mundo  e cuspir pelas cabeças uma chuva de balas-letras.   Não tenho mais paciência para a poesia fofinha, adestrada de academias, de esteta para exegeta, com respeito e fidalguia no conchavo das belas-letras. Não tenho mais paciência para a poesia bonitinha!      

As lutas de resistência dos uberizados

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Uma coisa me intriga na resistência dos trabalhadores uberizados/precarizados à superexploração de seu trabalho. Esses grupos de resistência não formam uma coletividade como o sindicalismo tradicional, que propõe, pelo menos em teoria, a solidariedade como base da sociedade, com ideias coletivistas e ações políticas em favor de reformas (nem digo revolução) humanitárias do capitalismo, que beneficiam sua categoria, sim, mas também todo o conjunto da população. Essa visão universalista da solidariedade permitiu, no passado fordista, a união dos sindicatos com outros setores progressistas, inclusive industriais, na construção de um projeto social-democrata que tentava ao menos frear a dinâmica excludente e concentradora do capitalismo. A resistência dos uberizados ao novo capitalismo digital pós-fordista, ao contrário, se baseia numa solidariedade restrita a seus próprios pares e visa quase que exclusivamente o ganho monetário: são raras as movimentações por direitos coletivos, como limi

Reza vermelha

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Cada cristão sua cruz, cada povo sua esfinge.   Se eles têm Moisés e Jesus também temos nosso judeu, maluco beleza barbudo prevendo futuros de abismos que desabam neste agora arruinando os paraísos propagados pela (publi)cidade, arruinando a felicidade eterna da (pós)modernidade com a força dos terremotos e a surpresa dos meteoros. Cada cristão sua cruz, cada povo sua esfinge.   Se eles têm Moisés e Jesus também temos nosso judeu com sua fé profunda no Deus, mas em vez de adorar esse Deus nosso santo judeu O pragueja e nos prega o abandono do Deus. Ó filho bastardo de Germânia e Judá! Ó filho herege da sacra burguesia! Ó excomungado que é nosso guia! Ó pecador d'alma odiado das gentes e que amamos tanto! Ó profeta escatológico da crise e do chash, acusador do cu sujo do Deus das cifras e suas cagadas fétidas que infectam a alma do povo, que rapam a pança do povo, que trincam a esperança do povo! Cada cristão sua cruz, cada povo sua esfinge. Se eles têm Moisés e Jesus também temos n