A poesia bonitinha
Não tenho mais paciência para poemas bonitinhos em eruditas belas-letras de/pra gente culta e elegante. Parece que todo os bons poemas belos e singelos já foram feitos por Quintana Vinícius, Bandeira e Drummond. Prefiro a música brega dos cantores da sofrência, que sabem, como seus fãs, que suas canções descartáveis são só entretenimento, mercadoria de ficar rico famoso, chique e bonito. Prefiro os poetas malditos (se é que ainda existem) e seus poemas-gritos cheios de arestas e espinhos, que sabem, como a meia dúzia de gatos pingados que os leem (se há quem ainda os leia), beber d'aguardente do mundo e cuspir pelas cabeças uma chuva de balas-letras. Não tenho mais paciência para a poesia fofinha, adestrada de academias, de esteta para exegeta, com respeito e fidalguia no conchavo das belas-letras. Não tenho mais paciência para a poesia bonitinha!