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Mostrando postagens de setembro, 2020

Em defesa da antipolítica

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Não é só o Brasil, é o mundo que está numa enrascada. Nem a política econômica keynesiana, nem a neoliberal e nem a combinação de ambas, como o PT tentou aqui com seu social-liberalismo (e Blair já havia tentado na Inglaterra com a terceira via) funcionaram para diminuir as desigualdades e retomar o crescimento vigoroso do capitalismo, sem o qual se torna impossível uma política de distribuição de renda de longo prazo. Depois dos anos dourados do Pós-Guerra,o capitalismo entrou em decadência nos anos 1980, com a era neoliberal tentando recuperar a lucratividade em queda. E parece que o sistema entrou definitivamente na era do colapso a partir da crise de 2008, abrandada com injeções maciças de capital promovidas pelos Bancos Centrais do mundo que, longe de resolvê-la, apenas empurraram a bolha financeira com a barriga. A grande esperança do mundo capitalista repousa na China (e seus parceiros orientais), que pode assumir a posição de império e, quem sabe, relançar o capitalismo numa no

Áureo alvorecer, por Franco Átila

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você destruiu todos os sentidos pessoa com seus labirintos infindáveis sem novelos sem meadas mil minotauros se multiplicando derrubando a unidade do reino de si mesmo quem sou eu desconhecido de mim mesmo você derrubou as metafísicas matou os deuses nietzsche há apenas a vontade de poder aquém de nossa vontade nem mesmo o deus homem restou a terra não está mais imóvel no centro do mundo o homem não é mais o filho de deus seduzido pela serpente o anticristo está a solta as estrelas se movem os seres estão no continuum das transformações químicas átomos se desintegrando e recompondo-se ao acaso das eras genes se lançando na loteria das adaptações como um vírus uma bactéria um mamífero um primata que se vê a si em abismo em meio ao fluxo bioquímico em meio a deuses e mitos caminhando rumo ao nada em meio ao bando à tribo à pólis vocês que destruíram tanto     pessoa nietzsche galileu em nome da dúvida eterna da ciência do niilismo em nome dos abismos do ser     onde o ser não é em nome d

Vômito virulento

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os corpos nos caixões empilhados na cova comum os corpos nos cubículos empilhados nos prédios da cidade os corpos nas casas entre muros e concertinas nas ruas da classe C os corpos nos barracos apinhados nos morros e quebradas os corpos espremidos nos ônibus lotados nas vias congestionadas de carros gente e vírus o suor dos corpos acumulado nas mercadorias limpas do fedor dos corpos do cansaço e das dores dos corpos das horas investidas (perdidas) nas rodas dentadas da vida a vida inteira transmutada numa profusão de rodas dentadas desencarnadas dos corpos a vida sublimada em massas infinitas de cifras as almas nos cofres empilhadas no PIB mundial a morte intubada na companhia de plásticos e eletrônica no caixão lacrado corpo ao pó voltarás sem nenhum adeus foi Deus foi Deus foi Deus que quis e daí? um vírus não tem alma e se apossa do corpo para se alastrar neste corpo e para outros corpos um vírus não sabe de si nem da dor do corpo que ele toma ou da dor dos que o amam um vírus não q