Desculpem-me as alturas
das profundezas intemporais
mas as palavras também falam
de larvas, lavras e chão
e são para se ver também.
Desculpem-me os vates do chão
mas certas horas, em horas incertas
há desejos de céu no céu
da minha boca incrédula.
Desculpem-me cultores
do chão e da forma
pois minhas memórias se querem
contar, de alguma forma
não devem ser minhas
memórias apenas.
Pois há os puritanos
do chão e o céu da forma
pura e outro céu ainda, do espírito
mais puro. Desculpem-me os puros
pela voz mestiça,
o sincretismo de rezar
ao mesmo tempo em mil altares, o infiel
deitar-me em tantas camas
com palavras de lava e lama
e seu veneno vaporoso.
Desculpem-me
o bacanal das línguas lânguidas
dissolvidas em orgasmos sujos
de terra, entorpecidas de ares viciados,
em turvas águas afogadas e queimando-se
ávidas no fogo fátuo
no seu eterno fogo fátuo.
Perdão
por todos os meus pecados!
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João Colagem |
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