Postagens

Mostrando postagens de 2020

A trave dos olhos

Imagem
Um alguém (zé-ninguém, pessoa de bem, homem bom) precisa comer,  morar,  vestir, mas também cantar, rir e dançar: viver além do existir. Pensar além...                       Mas aqui                       ninguém pensa                       que não seja pelas grades                       (ninguém vive                       que não seja sob a lei                       ninguém veste                       que não seja a fantasia                       ninguém sonha                       que não seja sob as asas                       ninguém come                       que não seja pela mão) do Espírito Santo do Deus Mamon. Dança em torno do bezerro de ouro - Emile Nolde

Trobar Pixel - poemas para smatphone

Imagem
Trobar Pixel  é uma reunião de poemas curtos para serem lidos no smartphone ou computador.   Clique aqui para ler

As teorias da conspiração e suas meias verdades

Imagem
Os tempos sombrios em que vivemos é um terreno fértil para o florescimento das teorias da conspiração, desde as suas versões mais delirantes da extrema direita até as que se assentam em dados da realidade, que costumam ser desenvolvidas à esquerda, inclusive nos meios acadêmicos.  O marxismo globalista, o vírus chinês, o comunismo de Soros e Gates, a aliança dos progressistas e ativistas com o diabo são exemplos dos delírios conspiratórios dos neofascistas e cristofascistas atuais que infelizmente ganham cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo. As teorias conspiratórias elaboradas pela esquerda são mais inteligentes e baseadas em dados da realidade, tratando, geralmente, do estado profundo (deep state) norte-americano e do imperialismo dos países centrais do capitalismo (EUA, Europa Ocidental e Japão) e sua luta sem tréguas para manter seu domínio geopolítico mundial, estabelecido no Pós-Guerra, impedindo que as nações periféricas se desenvolvam e se tornem competidores poderosos. A

“lâminas”, a poesia imprescindível de Dheyne de Souza

Imagem
lâminas , o mais recente livro de poemas de Dheyne de Souza, foi lançado em junho pela Martelo Editorial, numa edição muito bem cuidada e com uma bela capa que faz juz aos poemas do livro. Trata-se do segundo livro impresso de Dheyne de Souza, cuja obra de estreia foi o ótimo Pequenos mundos caóticos , livro infelizmente muito mal divulgado. Além disso, a poeta tem outras publicações em formato de ebook, que ela disponibiliza gratuitamente para download em seu blog pessoal . Além de apresentar o livro de Dheyne de Souza, este texto é a tentativa de abrir uma porta de entrada para a poesia da autora, para que o leitor possa, depois, construir suas próprias entradas e caminhos para explorar as várias possibilidades de sua obra poética, ao mesmo tempo densa e sutil, experimental e expressiva.   Uma corrente alternativa da poesia   De início, a poesia de Dheyne de Souza pode se apresentar como difícil, hermética, pouco afeita ao humor, à ironia, à discursividade e à fala coloquial, caract

Em defesa da antipolítica

Imagem
Não é só o Brasil, é o mundo que está numa enrascada. Nem a política econômica keynesiana, nem a neoliberal e nem a combinação de ambas, como o PT tentou aqui com seu social-liberalismo (e Blair já havia tentado na Inglaterra com a terceira via) funcionaram para diminuir as desigualdades e retomar o crescimento vigoroso do capitalismo, sem o qual se torna impossível uma política de distribuição de renda de longo prazo. Depois dos anos dourados do Pós-Guerra,o capitalismo entrou em decadência nos anos 1980, com a era neoliberal tentando recuperar a lucratividade em queda. E parece que o sistema entrou definitivamente na era do colapso a partir da crise de 2008, abrandada com injeções maciças de capital promovidas pelos Bancos Centrais do mundo que, longe de resolvê-la, apenas empurraram a bolha financeira com a barriga. A grande esperança do mundo capitalista repousa na China (e seus parceiros orientais), que pode assumir a posição de império e, quem sabe, relançar o capitalismo numa no

Áureo alvorecer, por Franco Átila

Imagem
você destruiu todos os sentidos pessoa com seus labirintos infindáveis sem novelos sem meadas mil minotauros se multiplicando derrubando a unidade do reino de si mesmo quem sou eu desconhecido de mim mesmo você derrubou as metafísicas matou os deuses nietzsche há apenas a vontade de poder aquém de nossa vontade nem mesmo o deus homem restou a terra não está mais imóvel no centro do mundo o homem não é mais o filho de deus seduzido pela serpente o anticristo está a solta as estrelas se movem os seres estão no continuum das transformações químicas átomos se desintegrando e recompondo-se ao acaso das eras genes se lançando na loteria das adaptações como um vírus uma bactéria um mamífero um primata que se vê a si em abismo em meio ao fluxo bioquímico em meio a deuses e mitos caminhando rumo ao nada em meio ao bando à tribo à pólis vocês que destruíram tanto     pessoa nietzsche galileu em nome da dúvida eterna da ciência do niilismo em nome dos abismos do ser     onde o ser não é em nome d

Vômito virulento

Imagem
os corpos nos caixões empilhados na cova comum os corpos nos cubículos empilhados nos prédios da cidade os corpos nas casas entre muros e concertinas nas ruas da classe C os corpos nos barracos apinhados nos morros e quebradas os corpos espremidos nos ônibus lotados nas vias congestionadas de carros gente e vírus o suor dos corpos acumulado nas mercadorias limpas do fedor dos corpos do cansaço e das dores dos corpos das horas investidas (perdidas) nas rodas dentadas da vida a vida inteira transmutada numa profusão de rodas dentadas desencarnadas dos corpos a vida sublimada em massas infinitas de cifras as almas nos cofres empilhadas no PIB mundial a morte intubada na companhia de plásticos e eletrônica no caixão lacrado corpo ao pó voltarás sem nenhum adeus foi Deus foi Deus foi Deus que quis e daí? um vírus não tem alma e se apossa do corpo para se alastrar neste corpo e para outros corpos um vírus não sabe de si nem da dor do corpo que ele toma ou da dor dos que o amam um vírus não q

Domínio abstrato do capital, o ponto cego do capitalismo

Imagem
Sem dúvida, quando um povo entra em colapso; quando sente esvair-se para sempre a fé no futuro, a sua esperança na liberdade; quando a submissão se lhe afigura de primeira utilidade e as virtudes dos servos se insinuam na consciência como condições de sobrevivência, então há também que mudar o seu Deus. (Nietzsche, O Anticristo) O capitalismo caminha para o colapso inevitável O capitalismo é uma totalidade direcional, uma estrutura que instaura uma evolução determinista em meio ao real indeterminado. Por isso, é impossível “moderar os mercados”, a não ser provisoriamente, como foi o caso dos 30 anos dourados do Primeiro Mundo do Pós-Guerra e seu estado do bem-estar social. Por conta de sua lógica determinista, as leis tendenciais do capitalismo são inevitáveis e irreversíveis, como a tendência da substituição do trabalho humano pela automação, que baixa os custo e, em consequência, provoca a queda da taxa de lucro por unidade de mercadoria. Daí a necessidade de se compensar e