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Mostrando postagens de janeiro, 2017

A natureza da poesia

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A poesia sempre foi uma coisa suja, das que se misturam com o pior que há. A poesia de hoje não está nos livros, purificada por rigores estéticos, regrada pela erudição e chancelada pela autoridade dos intelectuais e da academia. A poesia de hoje é a música pop, a canção, samba, blues, rock, sertanejo, funk. Os poetas e sua poesia se sujam de massa e mercado. Sua poesia é feita de música e letra rudimentares, movida à fama e dinheiro. É neste pântano da poesia que surge, de vez em quando, a luz de uma canção selvagem, um poeta sombrio que nos ilumina.

Nosotros

Multidões, vagam sós pelas redes, ruas, mercados, shoppings, rodovias... Carregam o desejo infinito de mais, sempre mais. A vida se esvai e a multidão, que não sabe de si, se entrega ao trabalho incessante de seus corpos contagiados pela devoção da devoração do mundo e de si mesmos. Os zumbis perdem partes de si perdem os seus, a alma e o mundo e não sentem dor. Perdem a beleza, derretem, despencam de si e não se sentem feios nem belos. Perdem o prumo, o sentido, a lembrança e não sentem o nada imenso que os habita. Autômatos perfeitos, os zumbis não sentem o mal nem o bem, nem a solidão que se expande na noite sem lua e estrelas de seu espírito ausente. Não sentem nada a não ser o desejo infinito de devorar(-se), de gastar(-se) mais e mais