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Mostrando postagens de junho, 2018

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In Móbiles
a vida é uma coisa frágil e brota por todas as frestas a vida é uma grande festa e velório no mesmo salão In Móbiles

O totalitarismo espiritual do capital

Por Franco Átila A necessidade de chamar atenção pelas redes sociais é uma constante no mundo pós-moderno. Por que este desejo doentio de ser visto e supostamente admirado? Supostamente, pois a fama pós-moderna não é resultado do reconhecimento coletivo de algum talento pessoal. Ela é medida apenas pelo volume de atenção pública recebida por uma ação ou característica individual. Na era do capital total, as pessoas se desumanizam num narcisismo infantilóide, cuja sustentação única é a medida quantitativa da audiência. Eventualmente, o narcisista pode até ganhar dinheiro com sua vaidade vazia, mas o importante é que este mecanismo de aferir a alma da pessoa pela audiência (quantidade abstrata) é análogo ao de aferir a riqueza (pessoal, empresarial ou nacional) com a quantidade de  capital acumulado, ou seja, como riqueza abstrata - e desumana. A alma das pessoas se constitui, agora, por grandezas abstratas e categorias formais, destituídas de sentido: renda, fama, produtividade,

Escravidão evangélica e dominação abstrata

Por Franco Átila O evangélico (uma versão brasileira do protestante), como toda boa ovelha cristã, deve amoldar seu espírito à ordem social vigente. Max Weber já observou como o espírito protestante (disciplinado, trabalhador e ascético) se conforma bem à racionalidade burguesa, em contraste com o catolicismo, cuja função era moldar o espírito para a cosmovisão feudal do medievo. Se o catolicismo sempre foi estranho ao capitalismo (não foi coincidência que a rebeldia religiosa mais contundente contra o capital, a Teologia da Libertação, tenha nascido no seio do catolicismo), o protestantismo e seu descendente latino-americano, o pentecostalismo evangélico, têm exatamente a função de moldar/escravizar o espírito à sociedade capitalista. Trata-se portanto de fazer o espírito se curvar à dominação social exercida no interior de outra cultura, a moderna, moldada desde as entranhas pelo capital. Há algo extraordinário nesta dominação, que nenhuma outra cultura, nem as primitivas, nem

A praga evangélica

Por Franco Átila Em última análise, todo ser humano, sob o capitalismo atual é evangélico-protestante nas profundezas de seu espírito, mesmo que se declare católico, pagão ou ateu. Se a pessoa se converte ao cristianismo evangélico, como tantos estão a fazer no Brasil atual, ela está apenas explicitando o Deus que já habita as entranhas de sua alma e se encontrava em estado de latência. E este Deus só é o Cristo em aparência. O ética do trabalho do homem-mercadoria, o ganhar e gastar do homem reto (a pessoa de bem), a disciplina para o estudo e a poupança (o próprio estudo é uma acumulação de capital humano para o futuro), a racionalidade instrumental, a subjetividade abstrata e puramente formal desdobrada no direito e na democracia, todos estes valores democráticos se coadunam com uma vida humana entregue ao capital, dedicada ao único e verdadeiro Deus protestante: Mamon. E o homem protestante ideal, por sua vez, é idêntico ao homem classe média, outrora chamado pequeno burguês