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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

O fascismo é o espelho sombrio do capitalismo

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O que é o fascismo? O Governo Bolsonaro é fascista? As duas questões estão no ar e foram levantadas num artigo recente por André Mota Araújo, que não considera o governo brasileiro fascista e provavelmente não o considera os fenômenos Trump nos EUA, Salvini na Itália e Orbán na Hungria, para ficar apenas em alguns poucos exemplos de autoristarismos de extrema-direita atuais. As características do fascismo que Araújo elencou (boa parte delas extensíveis ao nazismo) são, na maior parte, de feições administrativas e econômicas e muito próximas do receituário do keynesianismo e taylorismo. Resultam de medidas tomadas pelos governos fascistas após a tragédia econômica e social que o liberalismo extremado provocou em boa parte dos países europeus após a crise de 1929. Os critérios de André Araújo para definir o fascismo são, portanto, políticos, administrativos e econômicos, além de bastante específicos. Por tais critérios, de fato, os governos conservadores e de extrema direita da a

A China é o modelo a seguir?

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Na esquerda progressista, a China é citada como o modelo a seguir. Em contraposição ao fiasco histórico do neoliberalismo, os economistas progressistas cantam loas à China do século XXI: Paulo Gala, Luiz Gonzaga Belluzo, Bresser-Pereira, entre tantos, veem a China como o farol do novo progressismo ou novo desenvolvimentismo. Devemos imitá-la, desvalorizar a moeda, investir em ciência e tecnologia, infraestrutura e fazer com que o estado regule e intervenha na economia, se necessário, tornando-se produtor de mercadorias por meio de empresas estatais. E mais, o estado deve exigir das empresas nacionais protegidas que sejam competitivas no mercado mundial. A produção industrial não deve ser apenas para substituição de importações, mas destinada à exportação, à competição ferrenha no mercado mundial. A China adotou uma espécie de keynesianismo mercantilista super-agressivo, de conquista de mercados. E o Brasil deveria imitá-la, tomando a América do Sul e parte da África como mercados c

Sopro

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os meninos pulam e gritam estourando as bolhas de sabão que a mãe lhes sopra ar entre ar seguras em si por um tênue limiar a maioria das bolhas escapa às mãos ávidas das crianças e se desfazem                           sozinhas                                              no ar (ou no chão) no instante seguinte os meninos pulam e gritam eles têm a alegria das bolhas no instante do sopro Poema do e-book Acerto de contas .

Um mundo em decomposição

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Estou com fome, a manga sobre a mesa está perdida. Procuro uma faca, procuro retirar as partes podres, procuro alguma polpa sã, procuro em vão... Tudo tem seu tempo e o tempo da manga se desaba em moscas e podridão. Jogue a manga perdida no chão para que ela cumpra o seu destino de terra e vá ao pomar colher outra manga ou fruta fresca qualquer em que o tempo se aroma em flor, a língua se delicia, o corpo se sacia.

O fascínio dos artistas pelo fascismo

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Da série "Capitalismo em agonia" Ricardo Miranda, em “ Me julgue, voltei a ouvir Lobão ” e Alberto Villas em “ Encaixotando Fagner ” falam de sua relação de amor (musical) e ódio (político) com Lobão e Fagner, dois músicos que bandearam para a extrema direita e se deixaram levar pela onda fascistoide que nos assola. Fico pensando, o que faz alguns bons artistas (não raro vanguardistas) se enamorarem do fascismo? Na Europa de 20 e 30, Ezra Pound, Herbert von Karajan e alguns futuristas tinham claros pendores fascistas. No Brasil modernista, Lobato e Villa Lobos se enamoraram do nacionalismo fascista. Agora, Lobão, Fagner e Roger (do Ultraje a Rigor) fascistaram claramente. Fagner foi ponta de lança da renovação da MPB nordestina e Lobão e Roger foram pioneiros do Rock Brasil. Todos eram desbravadores, iconoclastas, experimentais e têm ótimas canções em várias fases da carreira. Não sei como Ferreira Gullar, falecido em 2016, se posicionaria diante da onda Bolsonaro, m

Suicídio coletivo

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Em virtude de a gente somos inúteis e considerando que se SE a população brasileira fosse de gente de olhos azuis ou puxadinhos nossa Pátria amada tão verde e tão áurea seria a nação mais rica do mundo CONVOCAMOS TODOS OS BRASILEIROS (e também nossos irmãos latino-americanos e africanos) para participarem da GRANDE FESTA DA LIMPEZA DO MUNDO quando nós, a gente negra , vermelha e morena por amor a nossa querida Pátria verde-amarela nos autoimolaremos no fogo divino da purificação e depois da Pátria limpa da peste humana que somos nós outra gente mais valorosa digna e trabalhadora que nós (a gente gringa branca e amarela) irá ocupar e transformar nossa Pátria no que Ela sempre mereceu ser O PARAÍSO NA TERRA NOSSA AUTOIMOLAÇÃO EM VÃO NÃO SERÁ! um crematório em cada cidade haverá grande o bastante para a FESTANÇA SUICIDA de todo o gentio – além de zap zap oração e bebida à vontade para nós todos nos anestesiarmos do fogo da purificação COM A BÊNÇÃO D

Desenvolvimentistas, neoliberais e a guerra capitalista

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Num artigo muito interessante Eleutério do Prado mostra como o discurso pretensamente científico e neutro dos economistas neoliberais mal disfarça o autoritarismo de suas opiniões que, na verdade, são tudo, menos neutras. A crítica de Prado é geral, mas ele utiliza, como exemplo das posições neoliberais, um artigo de Paulo Hartung, Marcos Lisboa e Samuel Pessoa publicado na Folha de São Paulo e cujo objetivo é atacar a política econômica do PT nos anos Lulas e Dilma, acusando-as de serem responsáveis pela crise atual por que passamos no presente. Os três autores pouco dizem a respeito de como deveria ser a política econômica correta mas, como observa Eleutério do Prado, eles a deixam implícito ao afirmarem que a “economia não é tão elástica” para suportar políticas distributivas “irracionais” do ponto de vista da “científica” austeridade neoliberal. Ou seja, implicitamente, eles afirma que existem limites para o voluntarismo desenvolvimentista, que esbarram em impedimentos objet