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Mostrando postagens de junho, 2022

Quase velho

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Sempre foi velho desde criança contemplando adultos dentro do mundo emaranhados em seus afazeres, deveres, amores corpos inteiros no fluxo confuso do mundo. Olhava-os com espanto e reverência, sem saber  que os olhava das margens se entregando pela metade ao fluir tormentoso do rio como crianças apavoradas que se agarram às margens e sonham as aventuras do mergulho.   Para a criança o rio  é a fonte a refletir seu inocente e cruel Narciso o rio apenas um instrumento do riso (só depois os adultos fantasiam  vivências poéticas do rio da infância). Mas naquele menino havia um Narciso  mais cruel, que nunca  quis ir-se e o menino ficou à margem e o rio acabou em lago, espelho estanque de seu riso sempre mais amargo como o riso dos velhos mal vividos.   E o homem feito vagou  a vida toda imerso pela metade e a outra metade etérea (ou mineral ou putrefata, qualquer metáfora para fora da vida) presa nas margens da vida como os velhos cada vez mais etéreos, pois lhes falta corpo cada vez mais

Poética do perdão

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Desculpem-me as alturas  das profundezas intemporais mas as palavras também falam de larvas, lavras e chão e são para se ver também. Desculpem-me os vates do chão  mas certas horas, em horas incertas há desejos de céu no céu  da minha boca incrédula. Desculpem-me cultores do chão e da forma pois minhas memórias se querem contar, de alguma forma não devem ser minhas memórias apenas. Pois há os puritanos do chão e o céu da forma  pura e outro céu ainda, do espírito mais puro. Desculpem-me os puros pela voz mestiça, o sincretismo de rezar ao mesmo tempo em mil altares, o infiel deitar-me em tantas camas com palavras de lava e lama e seu veneno vaporoso. Desculpem-me o bacanal das línguas lânguidas  dissolvidas em orgasmos sujos de terra, entorpecidas de ares viciados, em turvas águas afogadas e queimando-se ávidas no fogo fátuo no seu eterno fogo fátuo. Perdão  por todos os meus pecados! João Colagem

parcas linhas

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a morte destino certo a vida sentido  incerto um certo caminho cego       Nº 16 - Jackson Pollock