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Mostrando postagens de março, 2020

Crise é oportunidade

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Crise é oportunidade. A frase se tornou um clichê utilizado nas finanças e na administração, mas é uma verdade. Individualmente, quando a pessoa entra em crise, seus fantasmas e neuras ocultos pela “normalidade” do dia a dia afloram e surge a oportunidade dela encarar os seus demônios, que ela fazia questão de não enxergar, de frente. É quando ela busca ajuda de amigos, sacerdotes ou psicólogos para tentar se compreender e fazer algo para melhorar. O raciocínio também se aplica para uma crise no plano coletivo, com a que estamos vivendo com o coronavírus e a crise econômica que se seguirá. Os investidores e os empresários mais astutos sabem disso e mantêm o sangue frio em meio ao desespero para “comprar ao som dos canhões (do coronavírus) e vender ao som dos violinos”. Mas eles veem a crise apenas como oportunidade para melhorar a posição dos capitais de suas empresas ou fortunas particulares. Muitos criticam o egoísmo dessa atitude, mas devemos reconhecer que ela é eticamente legí

A Vida ou o Capital?

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A vida ou o capital? Esta é a questão a ser posta desde a consolidação do capitalismo na Inglaterra e Europa, com as revoluções industrial e francesa e, depois, sua paulatina expansão por todo o mundo até o fim do século XX, quando se pode dizer que todas as culturas do planeta foram literalmente absorvidas e unificadas numa única cultura moderna – a cultura do capital. O capital é o que os sociólogos e antropólogos chamariam de princípio de síntese social da cultura moderna. Quando esta se estabelece, a sociedade se torna uma estrutura (ou uma totalidade, como gostam de chamar Moishe Postone e Robert Kurz) cujo Centro ou Ser é o Capital. Dizer que o capital é o centro da estrutura da sociedade capitalista significa que ele dita as suas leis e seu movimento, como um motor imóvel. Significa que o capital é onipotente, por ser, ao mesmo tempo, a causa e a finalidade de todos os movimentos os eventos da estrutura; e é também onisciente, já que suas leis condicionam aprioristicament

Civitas Aurea

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não há mais trabalhadores operários funcionários apenas capital humano os noias e vendedores ambulantes perambulam entre os carros nos sinais fechados empreendendo migalhas e trocados só há os perdedores e os escolhidos de deus um menino e sua mãe fuçam o lixo nos fundos do restaurante a xepa da feira e seus legumes quase podres é um novo nicho de mercado onde os empreendedores do trapo competem entre si e com as moscas os catadores puxam carruagens de sucata burros de carga humanos ratos recolhendo os restos da civilização pós-moderna nos meses secos os rios transpiram um odor de fezes podres    os carros arrotam carbono e arrancam para o sem fim das cidades sem fins que não sejam multiplicar (num milagre infinito) o pão monetário do deus- dinheiro insaciável moendo sonhos e corpos nos algorítimos da produtividade sempre alerta gritam os escoteiros do mercado só há capitais humanos e o constante aprendizado as madames contratam decoradoras e do

Fogo furioso

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a juventude todas as carnes tesas todas as peles lisas toda desejo e impulso tudo pulsa e amanhece em luz e frescor a juventude é bela como nenhum deus foi e como é feia a velha pele descamada de um corpo quase morto mas como é bela a feia pele povoada por profundos sulcos e barbas grisalhas não pelos pelos nem pela pele em si mas pelas marcas da fúria do movimento imperceptível de um corpo que (ainda) vive poema do e-book nAve aleatória