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Mostrando postagens de novembro, 2021

Pós

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Wilton Cardoso · pos2.ogg Eu  Não estou pós-moderno, Eu sou pós-moderno, Completamente abduzido, ab- Sorvido no entretenimento fútil da vida contemporânea, Não tenho paciência para a declamação do poema, Nem mesmo na voz irônica do Abujamra. Não sou mais irônico nem fragmentado, Sou cínico, A fragmentação em Pessoa, Quebra essencial, Caco de um vaso que não houve, Não tenho paciência de atravessar romances, Quero apenas ficção científica nas telas. Apocalipse zumbi, Se o capitalismo é um beco sem saída Suicida, Que o mundo acabe então  Pela mão invisível do Deus, Cansei de imaginar utopias, buscar outras vidas, Meu bem, Enquanto o mundo não acaba Vamos gastar, beber, dançar como loucos à beira do abismo. Não tenho paciência para um vinil, Eu quero três minutos de música ou menos, Aquele pedaço viciante da canção, Alívio imediato, a cena de impacto, Pensar apenas no próximo Negócio, festa, viagem, transe ou transa. Viver sou eu Gozar agora e esquecer Ontem, amanhã, os outros, o mundo

Narciso (mise en abyme)

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viv eu ou si perd eu em sonhos acor dados em des acordo com a v ida con creta ícaro em fuga aluci nada em que da livr e se des pedaç ando no abis into voo látil de um sí sifo in saci áve l  

há galáxias

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a poesia se perdeu o poeta não existiu ninguém leu há galáxias inscritas no vazio a brilhar no céu       a poesia se perdeu o poema não existiu ninguém leu há galáxias perdidas no vazio a brilhar no céu

O engenheiro onírico

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Quando eu era menino, adorava brincar de carrinho.  Então, construía estradas, pontes, estacionamentos, postos,  calçadas e ruas, tudo muito rudimentar, a imaginação é que sofisticava a obra.  No meu sonho de olhos abertos  aquele pequeno e tosco universo ganhava detalhes, se movia, funcionava  que nem uma cidade, melhor ainda,  uma ultracidade cheia de Graça e Vida.  Eram horas e horas absorto no parto  de um mundo que se fazia  com a terra vermelha do quintal  e o cimento da fantasia.  Depois que tudo estava pronto,  finalmente chegara o grande momento  de brincar de carrinho, de imitar os adultos  na faina diária, brincar de viver, de ser  gente grande de verdade!  Mas como era chato! Não havia mais nada  para se construir no chão do quintal  nem nas nuvens da minha cabeça, avoada desde aquele tempo.  Eu nunca gostei de brincar de carrinho,  eu queria mesmo era construir caminhos,  estradas de terra  para longe daqui, estradas de sonho para o sem fim de mim. (Mas eu queria muito gos