Quando eu era menino, adorava brincar de carrinho.
Então, construía estradas, pontes, estacionamentos, postos,
calçadas e ruas, tudo muito rudimentar,
a imaginação é que sofisticava a obra.
No meu sonho de olhos abertos
aquele pequeno e tosco universo
ganhava detalhes, se movia, funcionava
que nem uma cidade, melhor ainda,
uma ultracidade cheia de Graça e Vida.
Eram horas e horas absorto no parto
de um mundo que se fazia
com a terra vermelha do quintal
e o cimento da fantasia.
Depois que tudo estava pronto,
finalmente chegara o grande momento
de brincar de carrinho, de imitar os adultos
na faina diária, brincar de viver, de ser
gente grande de verdade!
Mas como era chato! Não havia mais nada
para se construir no chão do quintal
nem nas nuvens da minha cabeça,
avoada desde aquele tempo.
Eu nunca gostei de brincar de carrinho,
eu queria mesmo era construir caminhos,
estradas de terra
para longe daqui,
estradas de sonho
para o sem fim de mim.
(Mas eu queria muito
gostar de brincar de carrinho
como todos os outros meninos)
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