Pós

Eu 
Não estou pós-moderno,
Eu sou pós-moderno,
Completamente abduzido, ab-
Sorvido no entretenimento fútil da vida contemporânea,
Não tenho paciência para a declamação do poema,
Nem mesmo na voz irônica do Abujamra.
Não sou mais irônico nem fragmentado,
Sou cínico,
A fragmentação em Pessoa,
Quebra essencial,
Caco de um vaso que não houve,
Não tenho paciência de atravessar romances,
Quero apenas ficção científica nas telas.
Apocalipse zumbi,
Se o capitalismo é um beco sem saída
Suicida,
Que o mundo acabe então 
Pela mão invisível do Deus,
Cansei de imaginar utopias, buscar outras vidas,
Meu bem,
Enquanto o mundo não acaba
Vamos gastar, beber, dançar como loucos à beira do abismo.
Não tenho paciência para um vinil,
Eu quero três minutos de música ou menos,
Aquele pedaço viciante da canção,
Alívio imediato, a cena de impacto,
Pensar apenas no próximo
Negócio, festa, viagem, transe ou transa.
Viver sou eu
Gozar agora e esquecer
Ontem, amanhã, os outros, o mundo,
Esquecer tudo!
Não tenho paciência de escutar,
Conversar, entender, esperar
Nada!
Estou pleno apenas no instante
Em que me aplaudem!
 
 
La metamorfosis de Narciso - Salvador Dalí

 


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