A poesia bonitinha

Não tenho mais paciência
para poemas bonitinhos
em eruditas belas-letras
de/pra gente culta e elegante.
Parece que todo os bons
poemas belos e singelos
já foram feitos por Quintana
Vinícius, Bandeira e Drummond.
 
Prefiro a música brega
dos cantores da sofrência,
que sabem, como seus fãs,
que suas canções descartáveis
são só entretenimento,
mercadoria de ficar rico
famoso, chique e bonito.

Prefiro os poetas malditos
(se é que ainda existem)
e seus poemas-gritos
cheios de arestas e espinhos,
que sabem, como a meia dúzia
de gatos pingados que os leem
(se há quem ainda os leia),
beber d'aguardente do mundo 
e cuspir pelas cabeças
uma chuva de balas-letras.
 
Não tenho mais paciência
para a poesia fofinha,
adestrada de academias,
de esteta para exegeta,
com respeito e fidalguia
no conchavo das belas-letras.
Não tenho mais paciência
para a poesia bonitinha!
 
 

 

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