Nada com nada

Compor canções edificantes
ou terrificantes,
edificações exímias sobre
o Nada
que é a vida,
formas perfeitas
com a carne das palavras
e a alma do artista.
Voz séria, ébria ou irônica
a ritmar sem fim...

Não,
hoje eu quero ir ao dentista
e errar depois pelo Centro 
esquecido de Goiânia,
com suas praças e vielas
que escondem calçadas quebradas,
frestas
de onde brotam capim
e casinhas art déco.

Hoje
eu não quero alçar a Voz aos abismos
nem às alturas do Nada
ou do Ser,
quero ser o corpo que sou,
pó sem voo, mero cisco
no chão de asfalto e cimento.
Nenhum regozijo,
sequer um lamento.

Hoje eu não quero nada
com nada.

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