Ao tio Zé Gomes (in memoriam)
Figos no tacho, fervem
nuvens na tarde escura
de Morrinhos. O tio
falastrão quase não fala,
perdido entre as cobertas
puídas da cama puída
no quarto quase vazio.
Os tios
não eram eternos?
As rachaduras
do casebre em ruínas,
o olhar perdido do tio
não me conhece mais.
O silêncio,
o silêncio,
uma nuvem carregada de silêncio
se abraça ao aroma
doce de figo
Os tios
não eram eternos
e despenca um mundo
de água (de infância).
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