20 setembro, 2021

Efemérides

o choque de bilhões de sóis
      e anos-luz
      de duas galáxias remotas
a batalha das migalhas 
      das baratas na cozinha
a odisseia existencial do artista
a luta cotidiana as pessoas comuns
a curva da vida o caminho místico do herói
os podres de ricos os pobres diabos os remediados
todo mundo é um herói

cada ser sua épica
cada ente um universo
cada rês o Umbigo do mundo
 
e o cosmo desumbigado esparramado no éter
engole as reses todas em sua bocarra
      de eras e alqueires sem fim
como a baleia azul aspira o plâncton
sem saber
dos risos e calos de cada bicho
do belo Umbigo de cada bicho

sem saber     nem mesmo     de sua infinita
potência de cosmo a engolir os ínfimos
ciscos      efêmeros      que somos nós



19 setembro, 2021

Filosofias do hippie veio

Eu conheci um velho vagabundo que andava por aí sem querer parar. Quando parava, ele dizia a todos que o seu coração ainda rolava pelo mundo. 
(Sá, Rodrix e Guarabyra)

Quem diz que gosta de trabalhar: 

Tá mentindo pra fazer bonito, tá mentindo pra ele mesmo ou é desinquieto de natureza e trampa pra aliviar. 

De todo jeito tá doente bicho, fudidão, dodói demais da cabeça, fatigado do corpo e desinfeliz do coração, coitado.

***

Eu num tenho pressa de chegar. 

Nem hora de chegar. 

Num tenho nem aonde chegar. 

Na real bicho, eu nem sei o que é chegar!

***

Que hora é agora?

Ué! Hora de descansar

***

Onde eu moro? 

Em riba das butina.

***

De bicho eu gosto é do gato, bicho. 

Aí, toda hora é hora do bichano puxar uma palha.

***

Duas coisa que me tira do sério: 

trabalhar em casa e trabalhar fora de casa.

***

O que que eu quero pra vida daqui 10 anos? 

Bicho, num sei nem onde eu vou tá daqui 10 dias!

***

Eu sou é rico demais. Tenho toda estrada do mundo. 

Quer mais? Todo tempo, todo vento, todo sol e toda chuva. E à noite, a lua inteira e toda estrela do céu que cê puder contar. 

Tudo meu!

***

Não é porque eu sou hippie que num tenho meu pedaço de chão. É bem aqui, ó! E muito bem medido! Quer ver?

Pega um barbante, corta um metro, engancha nas minha butina e risca um disco em vorta. 

Viu? É meu latifúndio. 

***

Ah! ninguém tem mais terra que eu! Onde eu piso o chão é meu.

***

Não, não, não, precisa de grana não! Me passa o peixe que eu te volto o colar.

O engenheiro onírico

Quando eu era menino, adorava brincar de carrinho.  Então, construía estradas, pontes, estacionamentos, postos,  calçadas e ruas, tudo muito...