Não derramemos falsas lágrimas pela primeira vez que desapareceram no frio espiritual da cidade para perambularem invisíveis por ruas e praças.
Nem choremos agora seu segundo desaparecimento, quando o frio da madrugada petrificou-lhes os corpos supérfluos.
Não caiam de nós lágrimas hipócritas pelos caídos da urbe, bagaço há muito esquecido.
Choremos por nós, os bem nascidos e criados para a dignidade cidadã de funcionar como narcisos frios consumidos por balcões e vitrines, corpos dentados hábeis e adaptáveis às funções que nos honram, mecânicas almas vivas(?) esquecidas da dor do desaparecimento dos desamparados, peças impassíveis da máquina abstrata de cifras que mastiga suores e cospe um bagaço de corpos invisíveis.
Choremos por nós, úteis e visíveis (e visíveis porque úteis), incapazes de nos compadecermos pelos desaparecidos que definham incógnitos nos labirintos das cidades.
Choremos por nós, desaparecidos de nós mesmos nos labirintos da utilidade.
12 julho, 2021
Os desaparecidos
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