20 fevereiro, 2018

nuvens-chumbo 2

mísseis cruzeiro
a calçada-casa
catatonia além-desespero
os pés de asfalto
perdeu playboy
a madame de salto alto
uma síria uma líbia a mais
ou a menos
tanto faz
noias ou loucos
pirados aleijados
trapos ambulantes micro-
empreendendor eu-
femismos pessoas
em condição de rua
aumentar capacidades nacionais
de defesa nuclear
colaboradores da empresa
o ar pesado
irrespirável das ruas
shoppings casas
um crash
ronda os mercados

13 fevereiro, 2018

marchinha do pato encantado

a Globo mandou o pato
ficar em casa batendo panela
sair de camisa verde-amarela
pedir a cabeça do Lula e dela
deixar a bunda exposta na janela
pra gente rica passar a mão nela

e ele fez tudo e fez de bom grado
pois é um pato muito bem mandado
olha a alegria do pato enrabado

a Globo gosta é de dar o golpe
no povo preto no povo pobre
em 16 e em 64
com os milicos e depois com os patos

a verdade é dura
a Globo apoiou a ditadura

a verdade é dura
a Globo só persegue o Lula

a verdade é dura
a Globo fascistou com o Moro

a verdade é dura
o pato foi feito de bobo

09 fevereiro, 2018

crianças loiras brincando

eu vou ser o mocinho
eu não quero ser o árabe
o meu é maior que o seu
pergunte depois
de puxar o gatilho de urânio

crash

o meu carro corre mais
o meu avião tem mais bomba
meu traque faz mais barulho
o cogumelo do meu é maior
a nuvem do meu vai mais longe

crash

quando crescer eu vou ter uma startup
no ramo high tech
eu vou star no céu dos CEOs
eu vou pra CIA matar terrorista
e ferrar com os comunistas
eu quero é ser banqueiro
o negócio comigo é cash

crash

04 fevereiro, 2018

álgebra alquímica

uns poucos alquimistas
transmutam as matérias
e as almas deste reino
na álgebra abstrata
do corpo sagrado de Mamon

do alto de sua torre
transmutam mil em milhões
e chutam a escada
de suas transmutações

no reino dos alquimistas
há mais riqueza que gente
mais cura que doença
e mais comida que fome

mas na álgebra concreta
do povo deste reino
o suor se multiplica
em migalhas e milhões
de famintos doentes e pobres

O engenheiro onírico

Quando eu era menino, adorava brincar de carrinho.  Então, construía estradas, pontes, estacionamentos, postos,  calçadas e ruas, tudo muito...