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Mostrando postagens de 2023

água árida

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esperamos da palavra do poeta que ela frutifique nos ensine e faça ver um novo mundo novo modo de viver a vida plena para nós e o povo neste tempo afeito a afetos em pó pós-moderno pós- humano o poeta pode só nos sussurrar em silêncio (do precipício das palavras) o seu grito mais estridente    

Enquanto Mamon enche a pança...

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Argentina Israel USA Brasil Europa Irã Médio Oriente Rússia Índia África China a praga fascista se alastra de mãos dadas com a erva daninha do fanatismo e contra eles se ergue apenas o terror do estado tirano inferno contra inferno soldados de Deus   sol- dados da morte    a destruição pela destruição    o mundo reduzido a cinzas   o humano ao rés-do-chão ao nível do ver- me    

Desejo impotente

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Stella

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pobre mulher negra louca analfa todas as marcas todas as chagas vivia no fausto das palavras poeta e não se sabia existia em estado de poesia  

mundo miojo

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não há mais tempo ! agora é tudo agora tem mix tura fina? não só remix in stante in stável in stantânea eter nidade a alma surfa a super fície descontí nua de links a alma nua uma montanha de likes a alma crua um vale de cifras es pelho meu ex iste algo a não ser eu? qual mesmo a senha da minha sanha? pro dutividade pro atividade pro fissionalismo pro stação tripalium da tripas coração irmão sinta ódio com  muito amor aleluia abra o olho você con cegue meu bem o mundo é um miojo vai cozinhar teus sonhos empapar as ilusões em nojo

sabedoria do pó

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as pessoas    passam os poetas    passam até os poemas passam as fábulas  as línguas as galáxias     tudo passa ao encontro de ninguém  em lugar nenhum então   por que diabos os acasos do universo urdiram um corpo que se sabe e sabe do passar de tudo  mas quer   por tudo não passar jamais?

ex-plot

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se for pra fazer poesia instantânea que não seja poesia-miojo que seja poesia-estouro como o luís araújo pereira e o sebastião uchoa leite    

Execráveis

"Fulano é execrável!" Há realmente pessoas execráveis no mundo e em grande número, ainda mais nestes tempos sombrios... Mas, a bem da verdade, em cada um de nós há um bocado execrável, o caldo do inferno que no habita as grutas mais fundas da alma, às vezes mais à mostra do que pensávamos e gostaríamos! Eu, todo espinhos desde sempre, tornei-me especialista em detectar a execrabilidade, inclusive em mim mesmo. Por isso, vos digo (não como cristão piedoso mas como perito infernal) perdoe ou, pelo menos, tolere os execráveis deste mundo, exceto, é claro, os infelizes cujas sombras já apodreceram a alma inteira. Ah! Espíritos bolsonaros... Pois em cada execrável  ainda existe um cadinho de luz a ser cultivado, um caldo de seiva saudável que pode, com algum cuidado, rejuvenescer a alma enferrujada. Que seja uma luz lunar, fugidia, ou farsa elétrica de lâmpada. Eu vos digo, afinal, (não como cristão caridoso nem autor de autoajuda, mas como perito abissal) se existe em cada ser ex

Despertai!

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Vocês crédulos creem que creem no Cristo, em Alá, Jeová, deuses mortos há muito, cujas carcaças, agora, são apenas disfarces para o novo Deus que nos guia... Vocês espíritas, espiritualistas, novos pagãos creem que creem num difuso outro mundo infra, supra, ali ou ao lado, não sabem de nosso verdadeiro Pai que paira cristalino acima de nós... Vocês ateus, agnósticos, céticos sombrios creem que descreem de tudo, mal sabem a Deidade que louvamos todos... Pois Deus existe! Existe e nos moldou à sua imagem e semelhança, somos um espelho falho de sua Alma perfeita. Somos todos filhos do mesmo Pai que tanto adoramos sem o sabermos. Não sabemos do Deus, não sabemos de nós, não sabemos de nosso infinito amor pelo Pai infinito. Mas eu, profeta abissal do mundo pós-moderno, eu trago a Boa Nova, a Revelação! Eu lhes digo o nome, eu anuncio Aquele que vocês, ignaros, adoram desde o berço, desde o útero, desde o óvulo e o esperma! Eu lhes mostro a Verdade única e absoluta do Universo: MAMON! Ó Mamo

viaduto

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o automóvel voa rente às copas das árvores que vislumbro num piscar de olhos com o olhar de pouso dos pássaros que pausam

Ócio moderno

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Por que transformar as areias do mar num clube ao ar livre? Por que a mata virgem se desnuda em fuga nos fins de semana? Por que velhas cidades são parques temáticos anestesia de arcaico? Por que a canção  que toca o coração se entoca no streaming? Por que o prazer se apraz agora prezando prazos? Por que todo tempo à vista ou a prazo tem pressa e preço?  

putaria

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 o cio virou negócio ócio virou negócio oh! céus! virastes negócios!

Sísifo

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Ofícios são gratificantes, há evolução, maturidade, legado... O poeta não  evolui, mesmo que cresça  poeticamente, não acumula nada, não incorpora nada em si, nada para si nada para ninguém. Seu movimento furioso e voluptuoso conduz ao ponto zero  de onde a vida partiu. A herança do poeta não é o conhecimento, só uma sucessão de fugacidades que talvez cintilem aos olhos de alguém na cidade. Fecham-se as páginas e ele  (poeta, poema, livro) morre para sempre... até a próxima abertura,  novo nascimento do nada. O poeta gira em falso, é um perpétuo começo absoluto, criança eterna. Humano no ponto mais fundo do ser humano, onde não se suporta mais ser o puro esvaecer, soldado raso, tábula rasa, vaga  superfície do existir, onda que mal emerge e já torna a mar. Talvez por isso busque o sagrado, ilude-se revestindo seu ritmo de religações do espírito. No fundo o poeta sabe  que sua voz e suas canções apenas pulsam a passagem entre o caos e o nada, o tempo e seu esmaecimento, o movimento da v

Lugar comum

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madrugada  a tv está calada  não se fala mais nada  na sala   na casa fechada  as frutas sobre o balcão  esperam ser guardadas  prazeres funcionários  postos sobre a mesa  uma pizza calabresa   e um copo de cerveja  amanhã é o trabalho  a vida funcionando  o murmúrio da cidade  a vida    uma cilada  a rotina é o caralho  embaralho noites e dias  em barulhos e silêncios  cegos-surdos se lançando  num caos de letras caladas  mais um copo e mais outro  até curar esta angústia  e sua filosofia  barata de cozinha Paul Cézanne,  Still Life with Skull

O tio

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    Ao tio Zé Gomes (in memoriam) Figos no tacho, fervem nuvens na tarde escura de Morrinhos. O tio falastrão quase não fala, perdido entre as cobertas puídas da cama puída no quarto quase vazio.      Os tios     não eram eternos? As rachaduras do casebre em ruínas, o olhar perdido do tio não me conhece mais. O silêncio, o silêncio, uma nuvem carregada de silêncio se abraça ao aroma doce de figo      Os tios     não eram eternos e despenca um mundo de água (de infância).   

fogo furioso

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a juventude todas as carnes tesas todas as peles lisas toda desejo e impulso tudo pulsa e amanhece em luz e frescor a juventude é bela como nenhum deus foi e como é feia a velha pele descamada de um corpo quase morto mas como é bela a feia pele povoada por profundos sulcos e barbas grisalhas não pelos pelos nem pela pele em si mas pelas marcas da fúria do movimento imperceptível de um corpo que (ainda) vive Retrato de um velho camponês (Van Gogh)

moral da história

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fala uma coisa faz outra a vida reta que se prega não é regra mas a exceção no Reino Cristão reina a hipocrisia entre ovelhas e pastores (quase todos  com alma de lobo)   se avexe não peça perdão na hora de orar e pague o dízimo que a alma amanhece limpa e leve para mais pecar e mais hipocrisia mas tudo bem tudo também será perdoado (pague o dízimo!) ou talvez Deus nem tenha notado as tuas maldades afinal Ele anda  tão ocupado em empreender  o Novo Evangelho  da Prosperidade na Terra e no Céu e até no Inferno!  (pobre Diabo)

Whitney

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A mina de ouro do show business ou a pecadora drogada e sapata ao olhar punidor dos puritanos? Prefiro a lembrança da alma sensível da artista caída no suntuoso abismo da fama. Não creio em deuses mas que orixá cismou de moldar um rosto de anjo num corpo de ninfa e essa boca, esse sopro essa voz divina?

fogo-fátuo

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trinta e cinco não são nada perto da idade do cosmo perto da idade da terra não são nada nem mesmo perto do tempo da espécie ou de uma fábula trinta e cinco é o espaço de tempo em que se vai do auge do adulto às profundas rugas de oitenta e se vislumbram as núpcias com a iniludível a nos sorrir das catacumbas bem pensado bem pesado o peso de oitenta verões que os ombros já não suportam é uma pluma ante as bilhões de toneladas de anos-luz das galáxias que nos ignoram

a uma poeta

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rita nunca te lee e falta não sen ti pois sempre te ou vi

MODA MODERNA

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Fome de alma

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Fome de amar fome de forma fome de felicidade é tão difícil falar as ricas conotações da fome quando há tanta fome. Fome miserável e esquálida a vagar no deserto concreto das cidades.

Quem (se) salva?

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Em que mundo você vive sonhando sujeitos revolucionários  a massa contagiada de utopias? Eu não vejo nada  em lugar nenhum a não ser o rastilho de pólvora  para as explosões da moral e dos bons costumes. O mundo é dos bons  cristãos e suas almas prósperas  estiradas no curtume fétido do fascismo. Em que nicho cult (tribo academia ativismo ou partido) você vive se iludindo? E de que latrina da minh'alma classe média eu urro esta canção desenganada?        

autorretrato

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depois da morte

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revira-se a correspondência à procura de um afeto um fato um feito um pensamento que feche o círculo sempre aberto da precária existência vasculham-se os escritos guardados no baú a sete chaves em busca de uma chaga a gritar algo além do silêncio inaudito do que foi dito ou talvez ninguém se lembrará de sua voz e seus escritos eventuais quedam calados numa gaveta qualquer engolida pelo tempo que diferença faz se estamos todos perdidos na dobra de uma gaveta esquecida enfiada num rincão longínquo de uma galáxia espiral?

Beco

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Um corredor estreito arremetia contra as paredes cinzas dos fundos dos edifícios, em reboco cru, sujas, calçadas rachadas, fezes, restos de comida, trapos. As três meninas tristes habitavam uma das paredes. O ruído da cidade entrava surdo no beco escuro, a dez longos metros da avenida abarrotada de gente e automóveis. Ele deambulava e entrou ali, sem motivo, queria respirar. Mas o lugar fedia. Respirou com a ajuda das meninas e suas mínimas narinas. Quando olhou para cima uma janela de céu escorregou por suas retinas... e ele mergulhou no azul infinito. As meninas foram testemunhas. Grafite de Mathiza

A vida e a poesia

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Se enveredam num caminho que se enrosca morro acima dando voltas e mais voltas e não se volta Às vezes há desvios com promessas de atalhos e nos devolvem ao mesmo  repisado caminho Veredas urdidas com o tempo não se para ou se desatam os nós cegos que nos atam Nada ensinam nem nos salvam às vezes vislumbramos o silêncio perfumado de um jardim na nuvem alta antes de escorregarmos no cascalho da estrada  e darmos com os burros n'água ou cairmos de cara no chão se dermos sorte e não nos despencarmos do paredão

Um livro de ontem

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Ando lendo poetas estaduais de uns tempos atrás... Agora,  por exemplo, tenho um livro à mão escrito por um concidadão (sem nomes, por favor!). Ó Deus! Tantos clichês! Não é que ele seja um poeta muito ruim, percebe-se ecos e sombras de algum grande poeta. Bom leitor, esse meu conterrâneo de outrora, mas seus sons e imagens não  me cheiram tão bem. Há exagero quando caberia rigor e vazios onde cairia melhor um desatino. Um descompasso  de tempo e espaço, alguma coisa que não se encaixa. Apenas um mediano artesão, niilista e pagão, medíocre epígono provinciano, um entre tantos... Ó Deus! Quanta tinta em vão! Naldo Goyazes, Goiânia,  22 de março do ano da graça de 2063. NOTA HISTORIOGRÁFICA sobre o livro a que se refere o poema acima . Este humilde historiografista apurou que o poema "Um livro de ontem" se refere,  sem nomear milagre nem santo,  ao livro intitulado   Um dia de segundos , da lavra de  um infiel cujo  nome ou alcunha era  Wilton Cardoso  ou, talvez,  Franco Átil

O emissário do caos II

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há um abismo sem sentido e por assim dizer natural que nos leva a crer  nos deuses que criamos eu trago a palavra e o silêncio desse abismo ancestral que nos traga   há um outro abismo cavado à força de cavalos mecânicos com almas mercantes que nós mesmos criamos como se tirássemos o chão já frágil do sentido e da vida com as nossas próprias mãos na palavra que falo e na pausa que me cala eu trago também  esse abismo de cifras que nos traga eu sou a voz dos dois abismos ninguém quer ouvir o que eu digo fecha os olhos e ouvidos Homem face a face com o abismo (Susano Correia)

O emissário do caos

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  Fecha os olhos E ouvidos Ninguém Quer ouvir o que eu digo Pois por dentro e por fora Sou fea figura E a minha voz impura É de ator canastrão Talvez Haja algo que valha Na palavra que trago Não  Eu sou a voz do abismo O abismo  Sem sentido Que nos traga Fecha os olhos E ouvidos

poema/so(pro)

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grito

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há um silêncio que dorme sob as águas do poema                                                e grita ao ruído surdo das ruas                                              uns raros mergulham e beijam sua boca repleta de palavras que clamam                                              em silêncio                  despertam loucos (loucos de poesia) vislumbram a loucura          da vida normal que se leva                    e nos leva                                       ao abismo (sem água ou        grito)                                   da morte                     de tudo o que é humano   O Grito (Edvard Munch)  

tempo-sal

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por que   você sente sau   dades do tempo perdido   que você acha   que foi fel   iz   ?      

Dez mil desacordos

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Eu, dois Paradoxos Paralelos: Poeta deserudito, Intelecto intuitivo.    

Nada (ou quase)

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A Eleutério Prado, companheiro de angústias e utopias. Nada, no ano novo, no futuro, eu não acredito em nada, nos liberais, nos progressistas, no ativismo, no estado de direito, na democracia, no mercado, no outro mundo, na outra vida, nem mesmo na arte. A ciência funciona apenas para engordar o bolso dos abutres nas bolsas. As redes enredam narcisos apaixonados em likes, os links são o caminho da peregrinação da alma em busca do Graal dos algoritmos da fortuna dos já afortunados. Bem aventurados os implacáveis e ambiciosos, os ciosos de si mesmos, são deles o reino dos CEOs. Não creio em nada, mercados de carbono, energias limpas, consciência social num mundo i- mundo de almas adorando o Deus dos shoppings num ritual frenético de compras, mais compras, mais mercado- rias, a felicidade é ganhar, ganhar, ganhar e gastar, gozar o instante depois do longo sacrifício do dia a dia, sol a sol, a vida inteira em troca de um punhado de cifras. As ruas entupidas de carros, o mundo entupido de c