O emissário do caos II

há um abismo
sem sentido
e por assim dizer
natural
que nos leva a crer 
nos deuses que criamos

eu trago a palavra
e o silêncio
desse abismo ancestral
que nos traga
 
há um outro abismo
cavado à força
de cavalos mecânicos
com almas mercantes
que nós mesmos criamos
como se tirássemos o chão
já frágil
do sentido e da vida
com as nossas próprias mãos

na palavra que falo
e na pausa que me cala
eu trago também 
esse abismo de cifras
que nos traga

eu sou a voz
dos dois abismos

ninguém
quer ouvir o que eu digo

fecha os olhos
e ouvidos

Homem face a face com o abismo (Susano Correia)



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