não saberás o rumo a seguir, pois o caminho também não te espera (Álvaro Pacheco) Se ninguém te lê Mallarmé quanto mais vosmecê velho poeta da província com suas canções desoladas sobre o (não) sentido da vida, suas canções de modernas feições mas deslocadas da forma e da fúria modernas, suas canções tão longe deste chão miserável onde o povo só pode pensar no pão de amanhã que talvez faltará. Ainda assim te entendo velho poeta e é alegre e doce ler os poemas teus tão céticos e amargos. Nalguns dias a tua solidão me faz companhia. Entendo também outras almas sensíveis, poetas ou não, que podem meditar sobre o não sentido da vida sem se preocupar com o pão de amanhã, mas sentem raiva e angústia (ou seria vergonha, culpa, má consciência?) por tal privilégio, já que o resto do povo só pode pensar no pão de amanhã que talvez faltará. As almas sensíveis não conseguem/tentam escapar da máquina do mundo que fabrica uma multidão de bocas famintas e fabrica um muro e do outro lado do mur