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Mostrando postagens de abril, 2024

Ave do acaso

          Se você vier pro que der e vier comigo           eu lhe prometo o sol...           (G. Azevedo e R. Rocha)   O meu canto é mais silêncio do que som mais desnorteio que sentido, o meu canto  é sempre menos mínima melodia ritmo incerto desarmonia. Mas se você vier comigo vou te levar ao limiar entre o chão e o mar, o mar  e o ar, entrelugar  onde o eu e o tu se confundem onde a noite se faz dia claro onde o canto se perde do tempo e onde em ondas de sonho flutua a inefável nave do acaso.

Preciso

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Bem ou mal, cantar eu sei, ou não. Preciso saber? Preciso é aprender tocar fogo em tudo que seja preciso: tocar o foda-se.

Ultimato

Pobres modernos perdidos no impasse das palavras a cada poema o fim da linha  cada passo a um passo do abismo. Do silêncio do livro o poeta grita à multidão de surdos:         o mundo está moribundo         o sentido é absurdo         o buraco não tem fundo         se eu me chamasse Raimundo... A solução seria rimar o branco da página com o niilismo do não? Pobres modernos poemas tão belos mas ermos, enfermos fragmentos de fina ironia labirintos em volta do vácuo ecos sem voz de fato sombras de nenhuma Ideia.         Mais um gole e se acabou         palavras não dizem mais nada         absintos de Rimbaud. Pobres modernos este vai ser mesmo o último não há motivo pra mais tudo já foi dito.         Amanhã o poeta se trai         e mais um poema floresce         na vida que se esvai.