Ultimato

Pobres modernos
perdidos no impasse das palavras
a cada poema o fim da linha 
cada passo a um passo do abismo.
Do silêncio do livro
o poeta grita
à multidão de surdos:
        o mundo está moribundo
        o sentido é absurdo
        o buraco não tem fundo
        se eu me chamasse Raimundo...
A solução seria rimar
o branco da página
com o niilismo do não?

Pobres modernos
poemas tão belos
mas ermos, enfermos
fragmentos de fina ironia
labirintos em volta do vácuo
ecos sem voz de fato
sombras de nenhuma Ideia.
        Mais um gole e se acabou
        palavras não dizem mais nada
        absintos de Rimbaud.

Pobres modernos
este vai ser mesmo o último
não há motivo pra mais
tudo já foi dito.
        Amanhã o poeta se trai
        e mais um poema floresce
        na vida que se esvai.


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