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Mostrando postagens de março, 2018

nuvens-chumbo 3

símio à solta os mais baixos instintos o espírito linchador baixa nas massas os vencedores e perdedores da meritocracia cristã ondas de medo frustração raiva e ressentimento hordas brancas gozam em delírio o espetáculo do circo de horrores a paz policial as togas fascistas o prende e humilha da mídia a convulsão moralista do pastor o rebanho fanático tangido ao abismo bíblias cospem balas deus é amor

Nobre & vagabundos: A aliança secreta dos escravos

Por Franco Átila O capitalismo oscila entre o capital e o trabalho (burguesia e operariado), polos opostos de um mesmo sistema social e psíquico. O trabalho é a substância do valor. A opressão capitalista não é a do capital contra o trabalho , mas se exerce por meio do trabalho . O trabalho não é libertador e sim opressor. Neste ponto, finalmente o novo marxismo da crítica do valor concorda com os artistas e sua revolta contra a instrumentalização do homem provocada pelo trabalho. Este não dignifica ninguém, e sim coisifica as pessoas. No capitalismo, o trabalho é uma mercadoria. É também a dimensão mais fundamental da pessoa. Decorre daí que as pessoas se tornam principalmente mercadorias. As outras dimensões humanas (afetivas, cognitivas, espirituais, comunicativas etc) se tornam apêndices do trabalho. Apêndices, portanto, do capital, uma vez que o trabalho é a substância do valor/capital. Burguesia e operariado, capital e trabalho estão em disputa no capitalismo. Mas também estão

Nobres & vagabundos: os novo nobres

Por Franco Átila Nietzsche é um filósofo reacionário, não importa o quão vanguardista ele seja. O que mais seria, senão reaça, quem defende a aristocracia como regime político ideal? Mas há um jeito de salvar Nietzsche, não para ele (que certamente riria de tal presunção), mas para nós. Ele odiava o escravo, o espírito de cordeiro que se manifestava no cristão e no democrata burguês (uma extensão do cristão). Por isto ele recusava a ideia de uma democracia burguesa, que seria apenas um governo de escravos. Nisto, ele acertou em cheio, assim como os roqueiros brasileiros. A democracia representativa, sua igualdade formal, suas leis e instituições, seu ideal de cidadania e a mitologia do estado de direito nada mais são que a face política da escravidão capitalista. Desejar a democracia e, na democracia, querer o conforto “civilizado” da vida classe média é querer ser escravo, como todos queremos. Um projeto para a emancipação do capitalismo seria, não a retomada reacionária de um regi

Nobres & vagabundos: o pesadelo dos artistas

Por Franco Átila Embora a arte tenha permanecido, em grande parte, independente do mundo capitalista, como universo e como fazer estéticos, ela não está imune à expansão do capital a todas as esferas da vida. Na verdade, desde a invenção da imprensa (desde os primórdios do capitalismo, portanto) o capital tenta se apropriar da arte como mercadoria. E o primeiro artista pop é ninguém menos que o Deus cristão. A reprodutibilidade da Bíblia impressa preludia a mercantilização da arte, que mais tarde os frankfurtianos vão chamar de indústria cultural. Na esteira da narrativa bíblica, o romance será, por muito tempo, o epicentro desta crescente tensão entre o mundo “fictício” da arte e o mundo “real” da mercadoria, numa luta em que o este último tenta adestrar as forças selvagens daquele, absorvendo o fazer afetivo do artista no trabalho instrumental do burguês. O estatuto do romance oscila entre a obra de arte e a mercadoria, o da escrita, entre o ofício e a profissão e o do escrito

Nobres & vagabundos: o sonho dos artistas

Por Franco Átila A união da arte com a vida é um sonho acalentado pelo artista moderno. A civilização burguesa tende a expandir o capitalismo a todas as esferas da vida: tudo e todos se tornam mercadorias e só tem importância o que pode ser mensurado como valor de troca: saberes, pessoas, coisas, seres vivos, terras… Durante muito tempo, a arte (e os artistas) escaparam da absorção capitalista, pelo menos em parte. Aos artistas foi permitida uma vida sem trabalho, típica dos nobres e vagabundos, e neles se tolerou a loucura e a embriaguez. O preço desta tolerância foi a separação entre arte e vida. Se o artista desfruta de uma liberdade moral que a pessoa comum não tem, sua atividade (a arte) deve ser claramente delimitada da vida em sociedade: uma coisa é a arte (ficção, artifício, imaginação), outra é a vida real. O quadro é a expressão acabada desta separação. No seu interior circula o universo estético do pintor, teatro imaginário delimitado pela geometria retangular mold