16 abril, 2024

Ultimato

Pobres modernos
perdidos no impasse das palavras
a cada poema o fim da linha 
cada passo a um passo do abismo.
Do silêncio do livro
o poeta grita
à multidão de surdos:
          o mundo está moribundo
          o sentido é absurdo
          o buraco não tem fundo
          se eu me chamasse Raimundo...
A solução seria esta rima
do branco da página
com o niilismo da vida?

Pobres modernos
poemas tão belos
mas ermos, enfermos
fragmentos de fina ironia
labirintos em volta do vácuo
ecos sem voz de fato
sombras de nenhuma Ideia.
          Mais um gole e se acabou
          palavras não dizem mais nada
          absintos de Rimbaud.

Pobres modernos:
          este vai ser mesmo o último
          não há motivo pra mais
          tudo já foi dito
          quem ainda lê versos?
Amanhã o poeta se trai
e mais um poema se inscreve
na vida que se esvai.

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