21 junho, 2020

Singularidade

eu queria muito um poema-luz
leite explodindo sol
pela boca uma língua-céu
sorvendo o raiar do dia

a vida    infinita    manhã

o canto no entanto entorna
e entorta a boca em abismos

entranhas mudas     obscuras

estradas de nenhum lugar
a lugar algum me despencam
viagens despedaçadas

palavras-brumas do destino
me cuspindo a vazios e muros

é a voz que me abisma os caminhos
ou são os absintos
abissais que me habitam
precipitando sonoros voos

cegos no vácuo submerso?

a vida-verbo em mergulho
quase não se respira

meus versos têm um ritmo
de cavalgar os precipícios
só destoando consigo rimar

só    eu mudo    consigo cantar


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