O fascismo é uma revolta anticapitalista


O conhecimento equivocado sobre o fascismo

É preciso conhecer o fascismo, pois há muitos enganos em relação ele. O primeiro erro é cometido pela elite e seus porta-vozes, os liberais de direita e os conservadores que, em geral, veem o surgimento do fascismo apenas uma anormalidade grotesca, que é também uma boa oportunidade de negócios e/ou de imposição de suas agendas morais. Por isso, acham que podem instrumentalizar o fascismo contra as esquerdas e em favor de seus interesses. Quando estes forem atendidos, basta se livrar do fedorento líder fascista e seus capangas e colocar algum político perfumado do sistema no lugar. É o que acontece agora com Bolsonaro e foi o que aconteceu com Hitler e Mussolini.

As elites e seus porta-vozes na economia, na política, na academia e na religião subestimam a monstruosidade fascista e sua sede insaciável por sangue, morte de destruição. Quando os fascistas derrotam as esquerdas, eles fazem guerra contra o inimigo externo, mas também contra os inimigos internos que eles inventam em seus delírios paranoicos: gays, judeus, petistas, macumbeiros etc. Por fim, eles se voltam contra a direita que acreditava controlá-los como uma marionete e a destrói.

O segundo erro, cometido pelas esquerdas, é sobre a natureza do fascismo. É um engano importante, pois os progressistas são os primeiros a identificar o fascismo e seus perigos. As esquerdas sabem reconhecer o monstro, mas se enganam sobre sua verdadeira natureza, bem como suas motivações.

Os progressistas costumam enxergar o fascismo como um plano desesperado das elites para enquadrar os trabalhadores em momentos de crise e grande insatisfação popular. Como o fascismo é fanático por ordem, disciplina e hierarquia, as esquerdas costumam ver nele uma espécie de recrudescimento do domínio das elites sobre o povo, utilizando-se de um líder oriundo dos extratos médios da sociedade.

Em suma, as esquerdas veem o fascismo como o mais severo dispositivo de controle burguês sobre os corpos supostamente rebeldes e preguiçosos dos trabalhadores, que, na visão das elites, deveriam ser apenas máquinas de trabalho eficientes, silenciosas, obedientes e felizes com sua condição. Realmente, este é o projeto fascista para os corpos trabalhadores, mas este objetivo de transformar pessoas máquinas de trabalhar não foi planejado e nem é executado pelos capitalistas, embora estes se aproveitem disso, num primeiro momento.



O fascismo como revolta inconsciente

O fascismo é, antes de tudo, uma revolta anticapitalista, só que sem consciência de que o capitalismo é a causa da revolta. O esquerdista mais radical é revoltado contra o capital, mas ele sabe disso, enquanto o fascista não. E nem pode saber, pois sua psique não está preparada para questionar seu modo de vida, seus valores, sentimentos e visão de mundo inteiramente moldados pela sociedade capitalista.

Então, o fascista precisa ocultar suas frustrações com o capital de si mesmo, ou seja, deve que esquecê-las e inventar outras razões (outros demônios) para seu sofrimento. Freud no ensinou que esta maneira de lidar com medos e frustrações se chama recalque. Quando não podemos/queremos ver certas verdades nós reprimimos estes conteúdos inconvenientes no inconsciente, onde ficam ocultos, recalcados, mas não mortos.

Esse é o problema, pois o reprimido, uma vez oculto, continua a viver nas sombras, sobrevivendo fora dos controles da consciência, de forma quase autônoma, alimentado por afetos negativos, como o medo, o ressentimento, a inveja e o ódio. O reprimido se torna uma espécie de monstro dos mundos inferiores. É o que as religiões costumam chamar de demônios, exus, maus espíritos etc. Algumas religiões, como o cristianismo, os rechaçam completamente, outras, talvez mais sábias, como a umbanda, procuram trabalhar cuidadosamente com estas entidades sombrias. Todo o trabalho da psicanálise, em última instância, é o de evocar estas potências reprimidas e levar o paciente a conhecê-las, lançar luz sobre elas e, com isso, neutralizá-las. As criaturas das sombras sucumbem diante da luz: se você as vê claramente, assim como suas motivações, então você já as derrotou.

É por isso que as esquerdas devem conhecer muito bem o fascismo, não como um projeto de domínio da elite sobre o povo, embora, como já disse, elas realmente tentam instrumentalizar o fascismo para explorar ainda mais o trabalho. A primeira coisa que a esquerda deve saber sobre o fascismo é que ele é a irrupção de conteúdos reprimidos do inconsciente coletivo. A segunda é que tais conteúdos, embora não pareçam num primeiro momento, exprimem uma revolta contra o próprio capitalismo. A terceira é que os fascistas não sabem que sua revolta é anticapitalista e que, por isso, seu precário “projeto” de sociedade reforçam, paradoxalmente, vários aspectos capitalistas, como o ideal de um homem trabalhador eficiente, barato, resignado e feliz. A quarta é que a revolta fascista, não podendo saber de seu real inimigo, o capitalismo, delira outros inimigos demoníacos, sobre os quais projeta seus medos, ódios e ressentimentos.

Esse outro demoníaco são grupos sociais que se tornam, para o fascista, a fonte do mal, da corrupção e da imoralidade que assola a sociedade e que, por isso, devem ser derrotados,  humilhados e, no limite, eliminados. Tais grupos variam conforme o contexto, mas são sempre minorias discriminadas, ou seja, que já carregam historicamente o fardo do preconceito: judeus, imigrantes, árabes, LGBTs, mulheres (principalmente as emancipadas), negros etc.



Como o capitalismo gera o fascismo

Mas que tipo de frustração com o capitalismo leva a monstruosidade do fascismo? A primeira e mais evidente é a desigualdade social. O sujeito monetário do capitalismo (que Marx chama de sujeito automático) deve ter basicamente dois afetos motivadores: o medo e a ambição. A ambição para acumular mais capital e o medo de perder o que se tem, mesmo que seja pouco. Estes afetos têm, cada um, o seu reverso. O medo de cair provoca no sujeito monetário um ódio defensivo contra os “de baixo”, ou seja, as pessoas das classes inferiores para as quais o sujeito não quer cair. A ambição provoca, por sua vez, a inveja para com os “de cima”, que costumam fazer questão de provocar esta inveja nos inferiores, pois tal sentimento ressalta a superioridade de uns em contraste com a inferioridade de outros, deixando claro quem são os vitoriosos na guerra capitalista.

Em momentos de crise, quando os perdedores são privados do mínimo necessário para a sobrevivência e os extratos médios, que gostam de se verem como vencedores, se sentem ameaçados pela pobreza, esses dois pares de afetos motivadores do sujeito monetário (ambição e inveja, medo e ressentimento) perdem sua funcionalidade capitalista de valorizar o valor e passam a ser direcionados a bodes expiatórios construídos de forma delirante. Ao perderem sua funcionalidade capitalista, tais afetos também perdem todos os limites e, negativos que são, passam a ter como objetivo o aniquilamento puro e simples do suposto inimigo  - no limite, o desejo de destruição fascista, se não for contido, acaba por se voltar à totalidade social, pois o reprimido, ao irromper, deseja apenas a destruição de tudo a sua volta e, depois, de si mesmo.

As crises capitalistas agudas, como a que estamos vivendo agora e como a da década de 1930, são o gatilho para a irrupção de insatisfações e mal-estares acumulados no processo de valorização do capital. E não são apenas insatisfações com a desigualdade social, que decorrem da má distribuição da riqueza e renda, e se encontram no nível da circulação do capital. Na sociedade capitalista, há uma insatisfação mais profunda, silenciosa e poderosa que a provocada pela injustiça social, que atinge todos os extratos sociais (inclusive os vencedores) e que ocorre não no processo de circulação do capital, mas na sua produção, e que que é provocada, de forma concreta, pelo trabalho abstrato ou, simplesmente, trabalho.

Todos trabalham no capitalismo, até mesmo a elite, pois a administração da acumulação também é trabalho, gerencial, de alto nível, mas trabalho. Elite e trabalhadores se orgulham de trabalharem e é pelo trabalho que as pessoas conquistam reconhecimento social e, em consequência, auto-reconhecimento (auto-estima). O trabalho é sagrado, confere dignidade e deve ser louvado. É para ele que a escola e a família nos prepara na infância e juventude, é ele que nos torna adultos honestos, e seus frutos vão nos proporcionar uma velhice digna no futuro.

Mas o que é o trabalho, essa invenção europeia que não existe em nenhuma outra cultura senão na modernidade? Marx nos mostra que trabalhar é uma atividade em que nosso tempo e esforço se transforma em mercadoria. Esta, por sua vez, é portadora de valor de troca, uma grandeza abstrata que se mede exatamente como tempo de trabalho necessário para se produzir uma mercadoria e que é a riqueza do capitalismo. Em outras palavras, trabalho é valor/dinheiro. Quando trabalhamos, submetemos toda a nossa humanidade (afetos, força física, inteligência, sensibilidade) à lógica da mercadoria, que nada mais é que a lógica fria dos ganhos monetários: o sujeito do trabalho é um sujeito monetário ou, para usar o termo marxista, o sujeito automático - marionete do capital. E no capitalismo todos precisam trabalhar para sobreviver, mas também para ser considerado digno, pessoa de bem: para se justificar a sociedade capitalista transforma a necessidade de trabalhar numa virtude.

Ora, essa subsunção da concretude humana à abstração monetária, das qualidades humanas às quantidades monetárias provocam uma enorme frustração psíquica, pois nos impede, em última análise, de nos realizarmos como seres humanos, nos desumaniza em favor de uma processo maquinal de acumulação de uma riqueza abstrata. A riqueza capitalista implica necessariamente no empobrecimento humano, pois para haver acumulação capitalista as quantidades abstratas da mercadoria precisam submeter as qualidades concretas das pessoas.

O sujeitos monetários são sujeitos da razão, mas de uma racionalidade instrumental, posta a serviço do capital. Em favor da razão instrumental capitalista todo o resto da alma humana deve se submeter à lógica da mercadoria: se atrapalhá-la deve ser rechaçada, se ajudar deve se disciplinar e se manifestar como instrumento da acumulação.

Portanto, é por meio da relação social que chamamos trabalho que o capital se reproduz por meio dos seres humanos, instrumentalizando-os como peças na maquinaria capitalista, frustrando-os em sua humanidade. Esta frustração fundamental, que é a desumanização do humano operada pelo trabalho, é condição fundamental para a internalização do capitalismo pelo sujeito moderno, que se torna, então, sujeito monetário/trabalhador. Fundamental também é o ocultamento dessa frustração com o trabalho, que é empurrada para o inconsciente por meio do recalque. Em lugar da realidade do caráter alienante e desumano do trabalho, ele aparece como uma atividade dignificante do humano, uma virtude.

Como somos todos sujeito do trabalho (sujeitos monetários), resulta que sofremos todos, em alguma medida, das frustrações resultantes do trabalho, assim como sofremos do recalque destas frustrações. Em consequência, somos todos, em potência, sujeitos paranoicos, ou seja, fascistas. Mas mais importante que esta constatação a nível de indivíduo, é que o fascismo é uma presença constante no capitalismo, pois a constituição do sujeito trabalhador, abstrato e vazio de sentido, implica necessariamente na repressão da concretude humana e, portanto, na consolidação de um fascismo potencial nos submundos psíquicos da sociedade capitalista. Potencial que, em momentos de crise, pode irromper e se realizar como facção política ou mesmo poder dominante na sociedade capitalista, desencadeando o furor destrutivo dos monstros que rompem os grilhões que os aprisionavam.



A veneração fascista do trabalho

É por meio do trabalho que o capitalismo se realiza entre as pessoas. No trabalho, o capitalismo é vivenciado como relação social concreta e é nele que as pessoas empregam, ou reprimem, seus conhecimentos, talentos técnicos e afetos. Mas, como vimos, é o trabalho que desumaniza as pessoas, exigindo que todos os aspectos da alma humana se subordinem à  racionalidade instrumental da lógica da mercadoria.

Este sufocamento da alma provocado pelo trabalho e seu recalque é a causa principal da potência fascista que se desenvolve nas sombras do inconsciente. Era de se esperar que o fascismo tivesse alguma restrição ao trabalho, uma vez que se trata de uma revolta anticapitalista, mas o que ocorre é exatamente o contrário. O fascista é um defensor fervoroso do trabalho e do homem trabalhador. Aliás, o seu projeto de homem é que ele se torne uma máquina perfeita de trabalho, quase um autômato do capital.

A explicação desse paradoxo é a mesma que se dá à afirmação fanática da heterossexualidade promovida pelos homossexuais auto-reprimidos, que nutrem, por sua vez, um ódio mortal aos gays assumidos. O fascista necessita afirmar como positivo aquilo que mais o oprime, o trabalho, desviando seu medo, ódio e frustração para inimigos imaginários, que costumam ser acusados de preguiçosos (negros, pobres, ciganos, chicanos, imigrantes) ou parasitas (judeus, políticos, grandes empresários) do homem médio trabalhador, que é vista como a pessoa de bem ingênua, honesta e pura.

A revolta do “gay enrustido” é contra as regras sociais que o fazem sofrer  impondo-lhe o padrão de comportamento héterossexual, mas como ele não pode, do ponto de vista psíquico, afrontar o status quo se assumindo para si e para os outros como homossexual, ele adere fanaticamente à normalidade hétero, o que acarreta mais sofrimento que, por sua vez, gera mais fanatismo hétero e ódio aos gays.

Da mesma forma, o fascista se torna um fanático pelo trabalho que o faz sofrer. Sem poder ver a causa real desse sofrimento, ele se apega ainda mais ao trabalho e, em consequência, ao capitalismo, projetando os aspectos desumanizadores do trabalho e do capital em minorias concretas, que passam a ser demonizadas como corruptoras do mundo.

É difícil para as esquerdas perceberem este processo de recalque em relação ao trabalho, porque sua perspectiva de mundo é fundada no ideário moderno/capitalista de louvor ao trabalho. O projeto progressista, aliás, é de valorização do trabalho por meio de uma justa distribuição do lucro (mais valor) capitalista entre os donos do capital e os trabalhadores. Em relação ao trabalho, tanto as esquerdas, quantos os liberais e conservadores concordam com os fascistas em considerá-lo uma atividade dignificante e virtuosa.

Por isso é tão difícil, mesmo para as esquerdas, inclusive as marxistas, entenderem o fenômeno fascista, pois partilham com ele o mesmo amor pelo trabalho abstrato. Na sociedade capitalista, apenas os artistas costumam perceber alienação e desumanização que trabalho provoca. À arte foi dada a possibilidade de questionar a relação social fundamental do capitalismo, o trabalho. Por isso, a crítica a ele é tema de muitas obras de arte modernas, mas está presente também como comportamento social, na recusa dos artistas em tratar a atividade artística como trabalho/mercadoria, o que costuma levá-los a graves conflitos existenciais ou a dificuldades de sobrevivência. Em todo caso, a liberdade para questionar o capitalismo em sua base mais sagrada, o trabalho, ocorre às custas da arte se transformar num reino da inutilidade (da beleza estética), cuja expressão crítica pouco interfere na vida prática das pessoas, que continuam a se guiar pela lógica abstrata da mercadoria.



Qual alternativa?

O fascismo deixa o sistema capitalista à beira do abismo. Os liberais e conservadores acabam por perder espaço para a horda fascista, que passa a ocupar o terreno da direita tradicional. A alternativa progressista das esquerdas se mostra ineficiente e comprometida demais com o sistema capitalista em crise e suas elites predadoras, que não desejam mais repartir os escassos lucros do sistema com um estado de bem estar social que poderia garantir alguma paz social. Parece que a vitória da democracia capitalista de feição social-democrata sobre o fascismo, ocorrida nas décadas de 1940 e 1950, não está mais no horizonte.

A única saída contra o fascismo é o conhecimento. É a solução psicanalítica de conhecer as monstruosidades que se movem nas sombras do inconsciente: quem são, quais seus motivos e desejos. Mas isto implica em questionar o trabalho e a desumanização que ele promove, em criticar a atividade sagrada da cultura moderna, tanto para a esquerda quanto a direita. O fascismo é um monstro das sombras, que depende delas para sobreviver. Quando se lança luz (conhecimento) nestas criaturas sombrias, elas somem como fumaça no ar.

A questão é que um conhecimento dessa natureza nunca é apenas uma contemplação desinteressada da psique, mas uma ação que desestrutura, no caso da psicanálise, o próprio sujeito, obrigando-o a se reestruturar em novas bases. No caso do sistema capitalista, o conhecimento profundo do fascismo implicaria em questionar o trabalho como relação social fundamental na vida das pessoas. Implicaria também em questionar o valor (dinheiro) e a mercadoria como princípios fundantes da vida social. Em suma, implicaria num questionamento total do próprio capitalismo, tanto em seus fundamentos subjetivos quanto sociais. Sem que tal conhecimento do fascismo e suas causas seja difundido entre as pessoas, as revoltas populares que se alastram pelo mundo têm grandes possibilidades de serem capturadas pela extrema direita e se tornarem movimentos neofascistas, como ocorreu nos EUA de Trump e no Brasil de Bolsonaro.

O fascismo é uma revolta que contrapõe à racionalidade instrumental do capitalismo, não uma outra racionalidade mais humana, mas a irracionalidade pura da violência e da morte. Em resposta à produção pela produção capitalista, o fascismo dispara um processo de destruição pela destruição, justificado como purificação moral do mundo e muito mais letal que a já perigosa produção de valor. E como resposta à desumanização das abstrações capitalistas que constituem o sujeito universal do direito, do trabalho e do mercado, o fascismo evoca fanaticamente os sujeitos concretos e reacionários do conservadorismo, bem como suas respectivas hierarquias pré-modernas: homem X mulher; hétero X homem, branco X negro, nacional X estrangeiro; cristão X não cristão etc

O fascismo não é apenas um modo distorcido de agir e ver o mundo. Ele é um limite político e subjetivo do próprio capital e suas categorias constituintes: trabalho, valor, mercadoria e sujeito do trabalho. A gestação do fascismo como filho das sombras da sociedade da mercadoria é permanente e decorre da profunda desumanização a que o capital submete as pessoas para se reproduzir, transformando-as em mercadoria-trabalho abstratas e vazias de sentido. A irrupção dos neofascismos atuais é sintoma de crise aguda do capitalismo, como foi na década de 1930.

A única forma de se evitar que o fascismo coopte a revolta das massas e a transforme num movimento irracional de destruição pela destruição é conhecer o fascismo e suas causas a fundo. Isso significa conhecer o criticar os fundamentos do capitalismo que, por sua vez, levará à necessidade de se inventar uma outra estrutura social, na qual o trabalho (assim como valor e a mercadoria) seja abolido como relação social. Por outras palavras, a única forma se nos livrarmos do fascismo é a emancipação do capitalismo.

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