O engenheiro onírico
Quando eu era menino, adorava brincar de carrinho. Então, construía estradas, pontes, estacionamentos, postos, calçadas e ruas, tudo muito rudimentar, a imaginação é que sofisticava a obra. No meu sonho de olhos abertos aquele pequeno e tosco universo ganhava detalhes, se movia, funcionava que nem uma cidade, melhor ainda, uma ultracidade cheia de Graça e Vida. Eram horas e horas absorto no parto de um mundo que se fazia com a terra vermelha do quintal e o cimento da fantasia. Depois que tudo estava pronto, finalmente chegara o grande momento de brincar de carrinho, de imitar os adultos na faina diária, brincar de viver, de ser gente grande de verdade! Mas como era chato! Não havia mais nada para se construir no chão do quintal nem nas nuvens da minha cabeça, avoada desde aquele tempo. Eu nunca gostei de brincar de carrinho, eu queria mesmo era construir caminhos, estradas de terra para longe daqui, estradas de sonho para o sem fim de mim. (Mas eu queria muito gos